Thursday, February 02, 2006

Informática - 43 Anos de Luta

Fonte: http://www.belonline.com.br/

INTRODUÇÃO
43 anos são muito tempo para a Informática, apesar de não representarem nada para a cronologia da história do homem. Essa é a idade digital do país. Desde a construção do Zezinho, primeiro computador digno deste nome a ser fabricado aqui, passando pela saudosa revista Micro Sistemas e indo até o Cassiopéia - filme de longa metragem produzido no país e primeiro longa 100% gerado em computação gráfica no mundo, a informática Brasileira semeou ventos e colheu tempestades, causadas pela incúria e visão distorcida dos responsáveis pela formulação de suas políticas implementatórias.Hoje em dia apresentamos um cenário devastado pela atividade predatória da pirataria e sem a mínima previsão para uma melhoria do panorama.O texto abaixo tentará mostrar todo o acontecido nestas mais de quatro décadas de acertos, realizações, vitórias e frustrações do setor informata na política interna do país e sua incipiente revoluçãotecnológica.
LINHA DO TEMPO
Tentaremos resumir a história da informática no Brasil através de uma linha do tempo, indo bem mais além do que o Zezinho - considerado marco zero para industria nacionalizada. O Histórico dos tópicos será apresentado anexo aos mesmos, numa forma ilustrativa e complementar do fio condutor.
1917- A IBM inicia suas operações no Brasil. Através de um contrato de prestação de serviços, surge no Brasil a empresa norte americana Computing Tabulating Recording Company, que em 1924, sob a liderança de Thomas J. Watson, foi registrada nos Estados Unidos como International Business Machines Corporation (IBM), sendo autorizado o funcionamento com a nova denominação em 1924. Em 1939, a IBM inaugura sua primeira fábrica fora dos EUA, em Benfica(RJ)..
1957- Chega a capital paulista um Univac-120, o primeiro computador no Brasil, adquirido pelo Governo do Estado de São Paulo. Ele era usado para calcular todo o consumo de água na capital Paulista. Ocupava o andar inteiro do prédio onde foi instalado. Equipado com 4.500 válvulas, fazia 12 mil somas ou subtrações por minuto e 2.400 multiplicações ou divisões, no mesmo tempo.
1959- A Anderson & Clayton compra um Ramac 305 da IBM, o primeiro computador do setor privado brasileiro. Seu gabinete tinha dois metros de largura, um metro e oitenta de altura e ocupava um andar inteiro da sede da empresa. A A&C foi uma das primeiras fora dos Estados Unidos a usar esse computador.
1961- A Criação de Zezinho - Como trabalho de fim de curso de engenharia eletrônica no Instituto Tecnológico da Aeronáutica( FAB) e auxílio financeiro do CNPq de US$ 350, quatro alunos(José Ellis Ripper, Fernando Vieira de Souza, Alfred Wolkmer e Andras Vásárhelyi), auxiliados pelo chefe da Divisão de Eletrônica do ITA e professor, Richard Wallauschek, construiram o "Zezinho". Com os recursos disponíveis, não foi possivel construir um computador com grande capacidade de memória. Seu painel tinha dois metros de largura por um metro e meio de altura. Nele foram utilizados cerca de 1500 transistores e diodos de fabricação nacional, produzidos pela Ibrape( Industria Brasileira de Peças de Eletrônica- subsidiária da Philips). O Zezinho tinha capacidade para fazer vinte operações. Era um computador didático, para uso em laboratório. Ganhou, entretanto, lugar na história como o primeiro computador não-comercial transistorizado totalmente nacional, projetado e construído no Brasil. Embora um sucesso, foi desmontado pelos alunos das turmas seguintes, que utilizaram seus circuitos para novas experiências. Nesse mesmo ano, a Fábrica da IBM, em Benfica(zona industrial da cidade do Rio de Janeiro)-RJ, inicia a montagem de computadores da linha 1401.
1964 - Criado o Serpro - Serviço Federal de Processamento de Dados, empresa pública criada para modernizar e dar agilidade a setores estratégicos da administração pública. O SERPRO integrava o documento gestado na Escola Superior de Guerra, instituindo a Doutrina de Segurança Nacional.
1969 - Criada a Prodesp - Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo. Em 1971, a IBM inaugura uma nova fábrica, em Sumaré(SP).
1972- É criada a CAPRE- - Comissão de Coordenação das Atividades de Processamento Eletrônico, órgão governamental cujo objetivo inicial era promover o uso mais eficiente dos computadores na administração pública, traçando assim uma política tecnológica para a área de informática. Nesse mesmo ano,o Laboratório de Sistemas Digitais da Universidade de São Paulo constrói o "Patinho Feio". Ele foi concebido como um trabalho de fim de curso. O projeto é tido como o primeiro hardware, documentado e com estrutura de computação clássica, desenvolvido no país.O "Patinho Feio" tinha um metro de comprimento, um metro de altura, 80 centímetros de largura, pesando mais de 100 quilos e possuindo 450 pastilhas de circuitos integrados, que formavam 3 mil blocos lógicos, distribuídos em 45 placas de circuito impresso, armazenando na memória 4.096 palavras de 8 bits( 4K). O Patinho feio se tornou um marco inicial ao gerar conteúdo para a consolidação da indústria da informática no Brasil.
1974 - Fundação da COBRA - Computadores e Sistemas Brasileiros Ltda. A empresa foi a primeira Brasileira a desenvolver, fabricar e comercializar computadores.
1975- Fundação do LSI - Laboratório de Sistemas Integráveis na Escola Politécnica da USP. Junho - Fundação da Scopus, uma das principais empresas de informática do Brasil e criada por um grupo de ex-professores da Escola Politécnica da USP, integrantes da equipe que desenvolveu o minicomputador G-10. Agosto - Lançamento da revista Dados & Idéias, lançada pelo Serpro paramostrar a realidade tecnológica no Brasil, com periodicidade bimestral.
1976 - A Computerworld do Brasil lança o DataNews, primeiro tablóide, com periodicidade quinzenal, especializado no noticiário sobre informática( software e hardware). É Fundada em SP a Prológica, um dos maiores fabricantes de equipamentos de processamento de dados, entre eles o Sistema-700 e CP-500, ambos micros de 8 bits e o SP-16, compatível com a arquitetura PC-XT.
1978 - Fundada a SID - Sistemas de Informação Distribuída S/A. Julho - Fundada em Porto Alegre a SBC - Sociedade Brasileira de Computação(SBC), uma instituição acadêmica que incentiva e desenvolve pesquisa científica na área da computação no Brasil.
1979 - Criada a SEI(Secretaria Especial de Informática). Após ampla reestruturação dos órgãos governamentais responsáveis pelo setor de informática, substituindo a Capre na formulação da Política Nacionalde Informática. Fundada a Elebra Informática S/A, fabricante de impressoras, entre elas a matricial Emília.
1980- Pela primeira vez um microcomputador era vendido em um grande magazine. O Mappin da Praça Ramos, no centro de São Paulo, vendia o D-8000, microcomputador da Dismac. Lançado pela Cobra na SUCESU daquele ano, o primeiro minicomputador totalmente projetado, desenvolvido e fabricado no Brasil a alcançar o mercado. Eara o Cobra 530.
1981- Fundação da Microdigital. A empresa foi, na primeira metade da década de 80, o maior fabricante nacional de microcomputadores. Ficou famosa pelos seus micros da linha Sinclair como o TK-85, TK-90X e TK-95. Desenvolvido o Sistema 700 da Prológica, microcomputador de uso profissional de 8 bits. Outubro - Lançamento da revista MicroSistemas, primeira publicação brasileira dedicada exclusivamente aos microcomputadores.
A PRIMEIRA REVISTA
A Micro Sistemas foi a primeira revista brasileira de microcomputadores. Seu primeiro número saiu nas bancas em outubro de 1981, tinha 40 páginas, com uma tiragem inicial de 10.000 exemplares e vendida por Cr$ 250,00( R$ 1,09 nos dias de hoje). A MS influenciou a carreira de muita gente. Influência tão grande que até hoje a revista é relembrada com muito saudosismo pelos seus leitores. Em Janeiro de 2002, Alda Campos, fundadora e primeira editora responsável da revista gravou depoimento registrado no Museu Central da Informática. Segundo ela, seu pai- Aldenor Campos entendeu, de pronto, a importância que teria a área dos micros. Na época, Campos tinha uma empresa chamada Nabla, prestadora de serviços de programação (o chamado bureau), cujo principal cliente era o DNER. A empresa ia bem, e ele resolveu investir no setor. Convenceu seus sócios a criar duas empresas: uma (chamada Del) para fabricar microcomputadores(um clone do Apple); e outra para vender microcomputadores, a Computique, que ele queria que fosse a primeira butique de computadores do Brasil. Ele "dividiu" a empreitada entre os sócios, pedindo a Alda que viajasse aos Estados Unidos (Califórnia), visitando e fotografando lojas de computador, apurando tudo que eles vendiam e como o faziam, para depois participar ativamente dos trabalhos de preparação da Computique, para a qual uma loja fora alugada no shopping Cassino Atlântico, Posto 6, Copacabana, Rio. Durante as obras da Computique, Alda recebeu o primeiro micro aser comercializado - um HP 85 - e resolveu investigar "um pouquinho". Nele, ela teve contato com sua primeira linguagem de programação -BASIC. Após a inauguração, foi chamada para uma conversa. A loja não estava vendendo como esperado, pois o público ainda não estava informado, não havia cultura . Campos então entregou a Alda uma pilha de revistas americanas e disse: "Precisamos de algo assim no Brasil. Você é jornalista". Alda leu tudo que lhe foi entregue e percorreu as bancas do Rio, indagando sobre a saída das revistas estrangeiras. Entrevistou compradores e vendedores. Daí convidou um pioneiro do setor, o norte-americano Wayne Green, publisher de várias revistas, para vir ao Brasil com todas as despesas pagas, conversar com ela e o pai. Ele aceitou, e durante os primeiros meses do projeto foi um bom conselheiro para Alda.Após alinhavar um conceito inicial, Alda passou para equipe. À frente da parte administrativa, Ernesto Camelo, que futuramente viria a ser um dos introdutores do Desktop Publishing no Brasil, com a empresa Textos & Imagens. Na parte de jornalismo, recrutou ex-colegas da ECO (Escola de Comunicação) da UFRJ, alguns dos quais ainda estão no setor. Exceto por seu humilde conhecimento do Basic, nenhum deles era usuário de micro, nem tinha muita idéia de para que servia. A primeira edição foi em agosto de 1981, saindo para circular numa feira da Sucesu, em Sampa. Nessa feira também, a Del mostrou seu clone do Apple, antes da Unitron, porém sem nunca ter levado o crédito do feito pioneiro, pois teve muitos problemas e a máquina nunca passou de um protótipo. O tempo de preparação da revista foi de quatro meses. Sobre a idéia do título, foi uma pensata conjunta entre Alda e o pai. A inclusão da cobertura sobre os micro da linha sinclair trouxe para a publicação um público cheio de adrenalina, criatividade e vontade de participar. Fora isto, somente a determinação do comercial (contra a qual a redação lutou sem sucesso) de trazer na capa a foto de empresários e gerentes do setor. O moto era "name is news, and picture is even better". A receptividade do mercado no início foi razoável. Os leitores, por um lado, reagindo muito muito positivamente. Já os ditos empresários olhavam com um misto de curiosidade e sarcasmo. pois o problema era ser levada a sério e, algumas vezes, deixar absolutamente claro, sem ser grosseira, que não havia espaço para paqueras bobas. Quanto a correspondência, Alda assinala que, na época da MicroSistemas,. a correspondência era farta, bem maior que a recebida hoje em dia pela IDG(2004). Segundo ela, quem escrevia eram garotos jovens, em sua maioria, que telefonavam, escreviam, e iam ao Rio especialmente para visitar a redação. A revista foi a primeira publicação no país a ter um laboratório de testes. Hoje, Alda Campos vive em Freiberg( Alemanha), onde possui uma empresa dirigida a WEB.
16 à 23 de Outubro - Realizada a 1ª Feira Internacional de Informática no Anhembi(São Paulo capital), que recebeu 117.253 visitantes e 183 expositores. Foi um evento paralelo ao XIV CNI - Congresso Nacional de Informática. 23 de Outubro - Inaugurado o 1º laboratório de microinformática no Brasil, instalado numa sala dentro da biblioteca da Faculdade de Economia e Administração da USP. Ele possuia cinco microcomputadores D-8000, cedidos pela Dismac. O laboratório era aberto a todos os alunos da universidade.
1982 - Fundado o IBPI(Instituto Brasileiro de Pesquisa em Informática), criado para o ensino de profissionais do setor, no Rio de Janeiro.
1983 - Lançado o EGO pela empresa Softec, que foi o primeiro microcomputador brasileiro a utilizar a tecnologia dos microprocessadores de 16 bits. Era compatível com o IBM PC e baseado nomicroprocessador 8080 da Intel, possuindo clock de 5 MHz.
1984 - Lançado pela Telesp( antiga Companhia Telefônica do Estado de São Paulo- sistema TELEBRAS), o primeiro videotexto brasileiro. O teste- piloto durou dois anos(1982 a 1984) com 1.500 assinantes da empresa. 29 deOutubro - Sancionada a Lei nº 7.232 que estabelecia os princípios,objetivos e diretrizes da Política Nacional de Informática, que instituia a reserva de mercado de informática no Brasil.
A RESERVA DE MERCADO
Instituída em 1984, a reserva de mercado foi uma ação governamental no sentido de proteger a então incipiente indústria de hardware que começava a despontar no país. Pela reserva, só empresas nacionais teriam o direito de produzir e comercializar equipamentos para o setor dentro das fronteiras Brasileiras. A reserva foi extinta em 1992. Nestes oito anos de duração, a providência, além de estagnar o setor de tecnologia, retirou toda a competitividade da indústria Brasileira, provocando sequelas que , até hoje, interferem no panorama nacional da Informática, seja ele público ou privado.
1985 -A Gradiente implementa sua divisão de Informática(GradienteInformática), fabricante do Expert, microcomputador de 8 bits da linha MSX.
1986 - Fundação da ABES - Associação Brasileira das Empresas de Software.
1987- Criação da Fácil Informática, empresa desenvolvedora do Fácil, editor de texto semelhante ao EDIT do MS-DOS. 24 a 27/Março - 1º FENASOFT - Feira Nacional do Software, no Riocentro, Rio de Janeiro. 1995. 26 a 29/Setembro - Acontece no Anhembi(SP) a COMNET Fenasoft Brazil´95, evento internacional de telecomunicações e redes. Acontece também o 1º CONIP - Congresso Nacional de Informática Pública, Fórum para discussão e apresentação do uso da tecnologia da informação no serviço público.
1996- Finalização da primeira cópia de CASSIOPÉIA, o primeiro longa-metragem virtual feito no mundo.
O PRIMEIRO FILME
Cassiopéia foi a primeira produção de um longa-metragem em todo omundo de origem virtual, ou seja, 100% modelado, animado e com imagens geradas totalmente por computador. O projeto se constituiu no primeiro trabalho puramente computacional, sem escaneamento exterior de imagens, vetorização de modelos reais ou misturas com outras técnicas. Este filme de 80 minutos inaugurou uma nova fase no cinema, pois foi o primeiro filme a estabelecer métodos, conceitos, sistemas, formas e linguagem dentro desta nova tecnologia, e despertou para o mundo a possibilidade de execução de um produto desta natureza. Isto torna o Brasil um país pioneiro do cinema virtual. A produção de Cassiopéia foi dirigida pelo animador Clóvis Vieira e contou com uma equipe de 3 diretores de animação e 11 animadores, trabalhando em 17 microcomputadores 486 DX2-66. Segundo depoimentos de membros da equipe, era tudo muito lento. O primeiro modelo de personagem foi feito em um 386 SX de 20Mhz. O software utilizado foi o Topas Animator, produzido pela Crystal Graphics. A produção de todo o longa-metragem demorou quatro anos, tendo início em janeiro de 1992 com o modelamento dos ambientes e dos personagens, e com a criação da história e do roteiro. A partir de janeiro de 1993, foi iniciado o processo de animação. O trabalho de geração de imagens terminou em agosto de 1995. A trilha sonora foi completada em dezembro daquele mesmo ano. A primeira cópia ficou pronta em janeiro de 1996. Cassiopéia custou apenas US$ 1,5 milhão. O obstáculo subsequentes foi encaixar o filme na programação das redes de cinema. O filme só foi exibido na época das olimpíadas de Los Angeles, quando a frequência de espectadores era menor.
Cassiopéia X Toy Story
Quando a Disney ficou sabendo que Cassiopéia estava sendo produzido no Brasil e já com 40 minutos completados, seu departamento de produção resolveu gastar US$ 50 milhões adicionais no sentido de sair na frente , com uma forte campanha de marketing, informando ser Toy Story(EUA, 1995) o primeiro filme totalmente criado em computador. Isso não era verdade, já que a Disney usara modelos em argila para criação antes do computador, fato que não ocorrera em Cassiopéia. Houve um cuidado especial na produção Brasileira, em não importar qualquer tipo de informação externa para dentro do computador, pois isto tiraria a primazia de ser o primeiro trabalho do mundo em longa- metragem totalmente produzido através de computador. Esta é a principal diferença entre os dois filmes. Assim, Cassiopéia é considerado o primeiro filme do gênero em todo o mundo, representando um marco na animação computadorizada e na cinematografia do planeta, ao desenvolver conceitos próprios neste tipo de produção. Ficha Informativa: CassiopéiaDiretor: Clóvis VieiraProdutor: Nello D'RossiProdução: NDR Filmes
1996 a 2004- Com a reforma monetária financeira acontecida com o Plano Real e o retorno do país à economia de mercado, com a subsequente quebra dos monopólios nas Telecomunicações e outros serviços reservados ao Estado,O país assiste ao sucateamento progressivo de seu parque instalado e ao abandono da pesquisa no setor de telecomunicações e, consequentemente, no de informática plena.O Plano Real, além de acabar com o protecionismo econômico e com os ganhos reais da inflação, serviu também para demonstrar a total falta de competitividade existente na maior parte da segmentação industrialnacional, com as grandes corporações globais absorvendo a maioria dos fabricantes locais de qualquer produto e serviço. No campo da informática não foi diferente. Amparados pela Reserva de Informática concebida durante a ditadaura militar, os produtores de hardware ficaram completamente desprotegidos no sentido de enfrentar o barateamento imposto pela entrada no país da concorrência internacional. Hoje, o panorama contempla 70,4% do hardware utilizado no país como genérico e clandestino, com a dependência maciça de componentes contrabandeados.
O Governo e o Incentivo à Informática
Na década de 90 têm início a guinada na política de informática doPaís rumo a um modelo mais aberto do que o anterior. A preocupação em dar suporte à indústria nacional é contemplada com a sanção da Lei 8.248 de Incentivos Fiscais em Informática. Por outro lado, a década é marcada pelo lançamento de várias iniciativas nacionais em Informática, patrocinadas pelo Ministério da Ciência e Tecnologia(MCT): 1)a Rede Nacional de Pesquisa (RNP), destinada a implantar uma Internetpara educação e pesquisa em todo o País. 2)O Programa Temático de Pesquisa em Computação (Protem-CC), implementando a estrutura e apoiar um modelo de pesquisa compartilhadaentre entidades acadêmicas e o setor privado. 3)O Programa Nacional de Software para Exportação(Softex), estruturando e coordenando um esforço nacional para incrementar a exportação de software produzido no País.4)O Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho (Sinapad),que visava a implantar um conjunto de centros prestadores de serviços de supercomputação no País.As primeiras três iniciativas foram colocadas sob coordenação conjunta da Sepin/MCT, compondo os chamados Programas prioritários em Informática (PPI), para fins de beneficiamento segundo os termos da Lei 8.248. As quatro iniciativas tiveram considerável sucesso em sua fase inicial. A RNP, em particular, teve papel crucial não somente na montagem de serviços Internet para a área acadêmica como especialmente na transição e montagem de um modelo de serviços abertos em Internet no País. Por outro lado, o programa Protem-CC articulou projetos coletivos em cooperação com o setor privado no País e com grupos de pesquisa no exterior. Por volta de 1996, contudo, o modelo praticado então existente estava exaurido, devido a problemas de institucionalização, de financiamento e de necessidade de redefinição de rumos estratégicos.Em 1997, por iniciativa do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, foi empreendido um estudo sobre os possíveis contornos de um programanacional de Tecnologias para a Sociedade da Informação, envolvendo cerca de 150 especialistas em 10 frentes de atuação. O projeto em que se traduziu o estudo foi aprovado pelo Conselho(dezembro de 1998). Em 1999, ele deu origem a este Programa.
A RNP
A Rede Nacional de Pesquisa, além do pioneirismo em backbone, prestando serviços iniciais de Internet à comunidade do País, formou um contingente numeroso e importante de profissionais, com conhecimento de tecnologia de ponta e experiência prática em operação de um serviço para atender a um público exigente como a comunidade acadêmica e o usuaário de alto nível de informação. Assim, quando a Internet começou a deixar de ser uma rede puramente acadêmica, com o interesse das empresas por comunicação mais barata via correio eletrônico e, pelas formas primitivas de e-business, todo um contingente de profissionais experientes que ajudaram a viabilizar os provedores já estava disponível, prestando colaboração na aplicação dessas novas tecnologias.
Softex 2000
O Programa Nacional de Software para Exportação (Softex) foi criado pelo MCT em fevereiro de 1993 para promover a mudança de foco da Sepin, integrante daquela estrutura ministerial.A Secretaria de Políticas em Informática e Automação (Sepin) responde por toda a política industrial em tecnologias da informação no País, com especial ênfase em equipamentos, software e microeletrônica. Tem a seu cargo, em particular, a gestão de todos os aspectos relacionados com a Lei de Incentivos Fiscais em Informática (Lei 8248). A Sepin é quem efetivamente coordena todas as ações que remetem a políticas industriais no Programa Sociedade da Informação.
Protem-CC
O Programa Temático Multiinstitucional em Ciência da Computação (Protem-CC) está ligado a implementação e progresso da pesquisa científica e tecnológica necessária para o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação no Brasil. É um programa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com o objetivo de contribuir para dinamizar a pesquisa e formação de pessoal qualificado em Ciência da Computação no País, promovendo um amplo processo de cooperação nacional entre grupos de pesquisa e entre estes e o setor industrial, por meio da realização de projetos temáticos multiinstitucionais em torno de temas/problemas importantes.
Sinapad
O Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho (Sinapad) é uma iniciativa focada na difusão do emprego de computação de alto desempenho pela comunidade acadêmica e as empresas, para o aumento da competitividade dos serviços e produtos. Entre 1992 e 1999, foi coordenado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério da Ciência e Tecnologia(MCT), também a sua principal fonte de financiamento. As origens do Sinapad remontam ao final da década de 80 e início da mdécada de 90, quando havia necessidade de reequipar a infraestrutura disponível para a comunidade acadêmica e elevar a capacidade computacional a um novo patamar. Para a racionalização dos investimentos, concentrou-se a parte mais elevada da capacidade em alguns poucos centros e o acesso aos serviços disponíveis nesses centros foi levado aos diversos usuários, por intermédio da RNP, dependendo de sua disponibilidade na prestação e na confiabilidade dos serviços adequados. O Sinapad entrou em funcionamento com a inauguração do Cesup-RS, em julho de 1992, na UFRGS, no Rio Grande do Sul. A ele se seguiram os outros centros nacionais, em São Paulo, no Ceará, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Até cerca de 1996, o Sinapad contribuiu para a produção acadêmica do País, formando especialistas e viabilizando o desenvolvimento de aplicações para fins de pesquisa científica e o desenvolvimento de projetos de engenharia em todos os níveis
UM PANORAMA DA INFORMÀTICA HOJE EM DIA.
Segundo dados não muito confiáveis, o setor vem crescendo a média de 14% ao ano, tendo a comercialização de bens e serviços de informática alcançado o valor de R$ 25,6 bilhões. No período, o segmento de hardware cresceu 14%, ficando estagnado com a recessão e a pirataria, a partir de 2001. Hoje, a pirataria e os genéricos compõem a maioria do setor, representando 70,4% da produção e da comercialização. Já o de software teve um crescimento de 15%, também com a pirataria representando 47% dos softwares instalados. Uma pesquisa nesse sentido foi realizada no início de 2004, patrocinada pela ABES( Associação Brasileira de Empresas de Software) e pela ABPD(Associação Brasileirs dos produtores de Discos - que congrega a indústria fonográfica). Quanto ao setor de serviços e suporte técnico vêm crescendo a média de 13% ao ano.A não confiabilidade dos dados citados é devido a eles já terem quatro anos de idade, sendo os dados aqui apresentados apenas projeções autorizadas e certificadas pelo IBGE. O mesmo instituto estima que, para cada 1 bilhão de PIB, o Brasil possua cerca de 11.400 computadores instalados. 36,23% dos trabalhadores no setor tem formação universitária.
A Automação Comercial e Bancária
A análise do potencial de mercado e investimentos no setor, em todo o país, aponta para investimentos totais da ordem de US$ 4,5 bilhões ao ano, que, se forem seguidos os padrões médios do setor, significarão cerca de US$ 3,5 bilhões em equipamentos diversos e US$ 1 bilhão em software e serviços. A análise da oferta interna de soluções de automação comercial revela as principais empresas envolvidas no setor, cuja liderança cabe a quatro delas (IBM, Itautec Philco, Unisys e Dataregis), contando com diversas outras de menor porte, no sentido de oferecer ítens diversos e necessários a cada solução, podendo-se concluir que o parque instalado no país está apto a enfrentar o desafio do mercado, caso o crescimento da economia continue a apresentar sinais de recuperação.Quanto a automação bancária, os dois maiores grupos privados do setor (Itaú e Bradesco) estão investindo em pesquisa, no sentido de aperfeiçoar ainda mais o segmento, no qual o país possui expressão internacional.
Spam no Brasil
O país está correndo o risco de ficar internacionalmente conhecido como a nação do spam. A ausência de uma legislação específica para o tema, a facilidade com que provedores e operadoras de telefonia recebem blocos de IP, que acabam sendo "queimados" por produtores de correspondência não solicitada, e o descaso com as denúncias feitas por usuários, são fatores que contribuem para fazer do Brasil um paraíso para essa prática que há tempos deixou de ser inofensiva.
A Internet e o e-commerce
O hábito de comprar começa a tomar conta do internauta brasileiro. Um estudo recente feito pela Ernst & Young em 12 países, inclusive o Brasil, revela que os consumidores estão mais satisfeitos com o varejo on-line. Livros, CDs, Software, roupas, cosméticos, produtos, artigos esportivos, flores, brinquedos e serviços foram os destaque da pesquisa. Apesar de as mulheres terem fama de compradoras compulsivas, o Ibope e-Survey mostra que os homens são os que mais compram pela rede. O número de mulheres comparadoras também apresenta níveis de crescimento, com um índice de 37% em setembro para 40% em dezembro de 2003. Para este ano que se encerra, os dados a respeito ainda não fortam divulgados.
Conclusão
Apesar dos obstáculos e dos percalços encontrados e proporcionados pelas atividades marginais e pela pirataria, a Informática no país apresenta sinais de vitalidade extrema, com o setor aumentando sua participação no produto comercial registrado, sejam em dados da arrecadação fiscal, prestação de serviços e outros indicadores econômicos. O combate a pirataria e a inclusão digital do país no setor GNU e do software de código aberto poderão apontar um novo direcionamento e de maior amplitude, caso a atual política nacional não seja revista por retrocessos, já que o lobby das corporações e instituições interessadas em desnacionalizar o setor, sob a justificativa de engessamento e desrespeito a propriedade intelectual. As previsões a longo prazo, tanto de fontes oficiais como das entidades empresariais são promissoras. Já no campo da pesquisa e do empreendedorismo, tanto as incubadoras quanto o SEBRAE apontam para um futuro róseo, dentro de toda a previsão de crescimento que o atual Governo começa a implementar nos setores comercial e industrial do país.

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